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14.1.2025
Ágora na Escola Jácome Ratton: Reflexão sobre o Futuro da Educação

Ágora na Escola Jácome Ratton: Reflexão sobre o Futuro da Educação

 

No dia 18 de dezembro de 2024, na sala do aluno da Escola Jácome Ratton, teve lugar um importante momento de partilha e reflexão. Às 13h30, realizou-se um “Ágora” com o tema "A Escola e a Vida: Como Queremos a Escola?".

 

O evento começou com a apresentação do projeto pelo professor António Clemente, que destacou a importância da participação ativa dos alunos neste projeto e na vida da escola. O docente fez um apelo para que os alunos contribuam com ideias e propostas para futuros eventos, enfatizando que este espaço é para eles.

 

A iniciativa criou um ambiente propício para os alunos refletirem sobre o papel da escola nas suas vidas e sobre como gostariam que fosse o seu ambiente escolar. Os convidados da semana, que responderam às questões dos alunos, foram os Coordenadores dos Departamentos: Teresa Oliveira (Ciências Exatas e Tecnológicas), Ricardo Cardoso (Educação Física e Desporto Escolar) e Odete Gonçalves (Educação Pré-escolar).

 

O debate foi moderado pelos alunos Rafael Rodrigues e Luana Mota, ambos do 11ºA, que questionaram os coordenadores sobre a função dos departamentos e a interação entre eles. Os professores explicaram que o principal objetivo dos departamentos é uniformizar procedimentos em várias vertentes do ensino, como avaliações e aprendizagens essenciais, garantindo maior coerência e qualidade no processo ensino/aprendizagem.

 

A professora Odete Gonçalves aproveitou para destacar as dificuldades enfrentadas na área da linguagem no Ensino Pré-escolar, enfatizando a relevância do apoio familiar, visto que este é um fator crucial para o desenvolvimento das crianças deste escalão etário.

 

Seguidamente, abordou-se a evolução e as necessidades de mudança do nosso Sistema Educativo e da Escola em geral. Os professores presentes concordaram que é necessário promover mudanças, mas expressaram a visão de que o atual sistema de exames representa um obstáculo significativo a essa transformação. Salientaram que, para tornar o ambiente escolar mais dinâmico e adaptado às novas exigências educacionais, seria fundamental valorizar práticas como o trabalho em pares, mentorias e projetos em grupo.

 

Debateu-se a importância dos alunos assumirem um papel mais ativo no processo de mudança. Os coordenadores destacaram que os alunos devem lutar pelos seus direitos e participar ativamente nas decisões que impactam o ambiente escolar. Nesse contexto, as associações de estudantes e os delegados de turma foram apontados como elementos fundamentais na promoção de atividades que aproximem os alunos dos professores, da escola e da comunidade, criando um ambiente mais colaborativo e integrador.

 

Além disso, foi enfatizado que o desenvolvimento de competências como o espírito crítico e a capacidade de iniciativa é cada vez mais essencial no mercado de trabalho, que é altamente competitivo. Estas competências são igualmente cruciais para a escola do futuro, que deve ser mais do que um espaço de transmissão de conhecimentos e, onde a aprendizagem deve ser voltada para a formação integral dos alunos, preparando-os para os desafios do mundo real.

 

No contexto do ensino pré-escolar, atualmente a escolha das temáticas de ensino já são selecionadas de acordo com os gostos e as necessidades dos alunos, diferentemente do que acontecia anteriormente, em que existiam temáticas obrigatórias. Essa abordagem mais personalizada visa garantir aprendizagens mais envolventes e relevantes para as crianças, respeitando as suas particularidades e interesses.

 

Os professores sublinharam que, no passado, o papel do docente era mais autoritário e rígido, enquanto hoje o aluno é o centro das atenções e o ensino procura ser mais inclusivo, dinâmico e voltado para as necessidades individuais dos alunos. No que diz respeito aos pontos fortes da escola, destacaram-se a inclusão e a variedade de atividades extracurriculares, como a semana cultural, o desporto escolar, o plano nacional de cinema, o plano nacional das artes, bem como uma grande variedade de clubes e projetos existentes no AET, que embora gerem desafios, também estimulam os alunos.

 

Foi abordada a questão da inclusão de alunos de outras nacionalidades na sala de aula, tendo sido referido pelos professores que, embora os alunos sejam bem acolhidos pelos colegas, a barreira linguística representa um grande desafio. É necessário um trabalho altamente individualizado, muitas vezes com recursos limitados, o que nem sempre permite atingir os objetivos educacionais de maneira eficaz. Para melhorar a situação, os coordenadores consideram imprescindível que a tutela forneça mais recursos e orientações. No ensino pré-escolar, a barreira linguística é menos relevante, já que as crianças aprendem por imitação. Contudo, o problema torna-se mais evidente quando se trata da interação com os pais, o que exige soluções mais específicas para garantir a inclusão de todos os membros da comunidade escolar.

 

Por fim, os coordenadores refletiram sobre a felicidade dos alunos na escola, comparando os tempos atuais com os do passado. Para eles, os alunos de antigamente eram mais felizes, apesar de terem menos recursos, pois a sociedade era menos agressiva e as crianças podiam brincar livremente na rua, sem a influência de telemóveis e outros aparelhos similares. Hoje, a sociedade traz desafios que fazem com que os alunos se sintam mais isolados, e muitos têm dificuldades em resolver os seus problemas de forma autónoma. No contexto do ensino pré-escolar, a falta de terapeutas e técnicos para auxiliar na resolução precoce de problemas também foi apontada como uma lacuna. O acompanhamento especializado, que poderia ajudar as crianças a superar dificuldades logo nos primeiros anos de vida, é considerado essencial para o seu desenvolvimento saudável e equilibrado.

 

Como medidas para melhorar a escola, foi sugerido que os alunos tivessem mais tempo para projetos que incentivem a criatividade e que, após as 15h00, a escola adotasse uma abordagem mais prática e menos teórica. Essas atividades seriam de caráter obrigatório, segundo os coordenadores, pois os alunos precisam de tempo para atividades que tragam prazer e contribuam para o seu bem-estar.

 

O professor António Clemente, como apelo final, destacou a força dos alunos e dos pais no processo de mudança, fazendo um apelo para que todos se unam para promover transformações na escola, garantindo que ela se torne num ambiente cada vez mais dinâmico, acolhedor e alinhado com as necessidades dos alunos.

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